09/02/06

Todas as manhãs, a caminho do trabalho, passo por dois sem abrigo que ainda dormem. Estão à entrada de uma loja, tapados com um cobertor e alguns cartões. Ao lado, quase sempre, têm copos vazios de 2 ou 3 iougurtes e cascas de fruta, imagino que seja do jantar anterior. Mas estão ao relento e tem estado um frio de morrer!
O que me assaltou as ideias foi o facto de além de não terem nenhum conforto físico, não devem ter igualmente nenhum, conforto na alma...
Na alma. Será que não é este o conforto que todos precisamos? Mais até que o físico? Ao frio e ao vento sempre vamos resistindo, mas e à debilidade da alma? Será que os dois sem abrigo têm com quem conversar, será que alguém lhes dá carinho, amarão alguém?... Gostava de acreditar que sim, caso contrário, porque teimam em resistir, o que é o significado da vida para eles?

O que me diferencia dos sem abrigo? Apenas o tecto ao final do dia...




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