30/01/08

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias

Detestei.
Repugnante. Desprezível.
Se estivesse a usar papel e caneta, certamente faria-o a vermelho e carregaria na caneta com tanta força que o papel rasgaria.
A verdade é que não consegui distanciar-me da história que ali estava a ser contada.
Absorvi como se eu fosse a Otília, como se aquela história me pertencesse.
Como podem existir pessoas tão nojentas, tão fracas, tão amorais?
Perante um pedido de socorro, o sofrimento de quem não pode fugir às normas estúpidas impostas pela sociedade, existe sempre alguém que se aproveita disso. E o seu pensamento e atitude estão acima disso tudo. A impotência do outro é o seu triunfo! Não é uma luta de igual para igual. É antes a cobardia de alguém capaz de tirar TUDO ao outro. TUDO? Sim. Ao limite de tirar a dignidade.
Otília é corajosa. É muito mais do que corajosa. Quem é capaz de se sujeitar àqueles horrores por outro. Afinal, nem sua irmã é! É apenas uma amiga, a companheira de quarto. Ainda assim deu-lhe tudo. Entregou-se à sua angústia.
Quantas Otílias haverão?...
Tudo se passa numa Roménia desgraçada. Sem planos. Sem futuro. Onde todos se aproveitam de quem (e do que) podem.
Olho por olho, dente por dente. Esta é a divisa.

Tentando falar do filme em si, foi magnífico. Cru. A imagem apresentava-se desmaquilhada, sem ter sido passada pelo coador. Dava a sensação de ser ainda mais real.
A rever em casa para espernear à vontade. MERDA! Gostaria de acreditar que é só uma história...